12/11/2007

O que se escreve na dor e não chegou ao destino.

18 de Janeiro de 2007

A noite caiu rapidamente hoje, escura e assustadora. Continuo a sentir-te na força do vento. Tento não ter espaço para sentir a dor de olhar para trás e ainda vislumbrar um rasto do meu Pai. E eu estou aqui sentada a escrever para ti. Mais uma vez a querer dizer-te como é bom que todos os dias me cures a alma e me faças adormecer no calor de saber que existes, que és um pedaço de mim e que eu tenho que continuar. Dói. Ás vezes apetece-me desistir. Confesso!

Sabes, houve um tempo em que não tinha a certeza se iria conseguir chegar aqui. Achava que não se suportava, que não teria nenhuma hipótese. Mas não é verdade. Arranja-se forças em tudo: na família, nos amores, nas amizades e nas memórias. É tenebroso mas continua-se...

A este ponto exacto do caminho em que nos encontramos, Deus quis pregar-me esta partida e até parece que nos preparou para este momento. Sério, ás vezes parece-me. Era uma altura em que eu precisava de ti e teve que nos unir antes para que isto acontecesse. Apetecia-me ter-te abraçado com muito mais força naquela noite em que me magoaram tanto porque a minha própria dor era insuportável. Já não posso fazer isso. Mas posso escrever-te aqui. Todos os dias. Abraçar-te com a paz que encontro nestas palavras que te dedico. A tua presença na minha vida... faz-me bem!

Se pudesse pedir-te alguma coisa agora, pediria que não esqueças o brilho intenso que só tu tens o poder de despertar no meu olhar. Aquele brilhar forte que destrói medos, me engana a saudade e me faz o caminho.Hoje dei por mim na minha cama a procurar a tua mão como quem anseia por um porto seguro. Às vezes questiono-me se também conhecerás esta dor de querer muito regressar a um tempo que já não se sabe onde está. Que já não se sabe onde fica. Um tempo que me foi roubado por Deus (?) e que já não volta atrás. Já provaste esta angústia de não poder voltar ao incerto que ficou para trás? Não sei. Mas espera... Deixa-me dizer-te outra coisa. Eu gosto muito mas mesmo muito de ti! E que era precisamente isso que as minhas mãos te iam dizer se tivessem encontrado a tua.
Dei por mim a querer dizer-te coisas... Que bom que foi...

2 comentários:

Lua disse...

Ou chegou? Diz-me lá!

Anónimo disse...

Linda...ele conhecia muito bem esse amor que tinham por ele (e como era grande o que ele tinha por vcs e por tdos nós)!