Vamos Embora?
Quando é que desistimos? Qual o limite, a referência, o padrão a partir do qual é que deixa de ser desistir e passa a ser inevitável?
Quando é que fartos de dizer mal do Pais em que vivemos, das escolas, dos médicos, dos hospitais, dos políticos, dos empresários e patrões, de tudo e de todos, fazemos as malas e vamos embora? E quando é que, decidindo ficar, fazemos de facto alguma coisa? E quando é que perdemos algum tempo a pensar nisto?
As eleições à Câmara Municipal de Lisboa, têm trazido este tema para discussão: o papel da sociedade civil. Gosto de pensar que está nas nossas mãos mudar o estado das coisas, mas estará? Não creio. Por uma razão mais ou menos válida acabamos sempre por desistir. Nem todos podemos ser heróis.
Dizem que uma mulher só deixa o marido quando já encontrou alguém. E neste caso, quando foi que ela ou ele desistiram? Ou foi inevitável?
20/06/2007
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4 comentários:
Que pensamento fantástico. Aliás tens toda a razão no que dizes e as perguntas que fazes dão para pensar. A todos nós.
Conservando uma fé inabalável no Homem e na sua capacidade de se reconstruir de forma ininterrupta, não posso admitir desistências.
Por maiores que sejam os obstáculos a transpor ou as dificuldades a superar, desistir significará sempre a negação da nossa condição de Homens!
Resignarmo-nos perante a existência, não!
Inquietarmo-nos, indignarmo-nos, sim!
Vivemos num País que 48 anos de obscurantismo e ditadura produziram marcas que perduram perenes na sociedade.
Adoramos ser tutelados!
E, por uma simples razão – porque adoramos ser desresponsabilizados!
Com o advento da democracia, encontrámos o reduto apropriado à delegação das nossas obrigações cívicas e de cidadania.
Subvertemos o sentido próprio do voto enquanto expressão da cidadania ao dele nos servirmos simplesmente para nos abstermos de agir.
A democracia surgiu como a panaceia que tranquiliza as nossas consciências.
Elegemos representantes, ou seja, aqueles que por nós assumirão a responsabilidade de prover ao curso da Nação.
Ao votarmos, entendemos por cumprida a nossa condição de cidadãos.
Nada de mais errado!
Transformámos um meio num fim em si mesmo.
Olvidamos que se exige que cada um de nós permaneça vigilante e interventivo na coisa pública.
De acordo. Na teoria.
E na prática? Que fazes? Em concreto, não vale intenções...
Nota: Tinhamos saudades tuas, Oh Vermelho!
amiga Juka:
como sabes, a minha profissão propicia-me uma intervenção social diária.
Todos os dias me permite cumprir uma fatia relevante do meu contrato social.
Todos os dias me permite participar de forma mais ou menos substancial na administração da coisa pública.
Quando fui chamado a eleger a minha opção profissional, escolhi as funções que ora desempenho, em larga medida, pelo manancial de participação social que me oferece.
No mais, procuro manter a minha consciência alerta, obstar a que outras adormeçam e despertar as demais.
p.s. as candidaturas independentes à Câmara de Lisboa não são reflexo da participação da sociedade civil na respública (tal como a candidatura de Alegre às Presidenciais não o foi).
Antes fossem!
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