Acerca do ramo me ter ido parar às mãos...

Éramos as suficientes para ainda nos conseguirmos aquecer. Casamentos tenho ido em que estou eu e mais duas gatitas pingadas e são dos mais difíceis porque, meus amigos, estão todas com sede de apanhar o ramo e eu, em luta directa tenho mais dificuldade.
Gosto de fazer batota, empurrar, dar golpes baixos e tal e não tenho tido muitas hipóteses. Neste casamento, quando vi as galinacias e algumas badalhocas da despedida de solteira todas juntinhas com aqueles sorrisos de quem pensa que é desta vez, tive alguma esperança, confesso. Avancei para o grupo e quando dou o impulso de me juntar ás miúdas tive o meu momento de glória. Parecia que o Benfica tinha marcado um golo ao Sporting oh pá. Começou tudo a vibrar de emoção, a gritarem pelo meu nome, gente vi a sofrer e em euforia como quem diz: É desta miúda, estamos contigo. A Joana e a Susana tremiam agarradas uma a outra em êxtase, fazendo toda a força e libertando para mim as melhores energias. Todos eles, sem excepção, os meus amigos (os verdadeiros), com os olhos postos em mim e eu só pensei, naquele instante : Eu tenho que dar esta alegria a quem gosta de mim. Eu vou dar o meu melhor. Esticar-me, atirar-me para o chão se preciso for matá-las, arranha-las, matar as cabronas no limite.
A Cláudia mediu a força com que tinha que atirar e toda a gente se atirou para o chão, para o ar, gritavam, esticaram-se todas mas é o destino meus amigos. Eu quietinha quietinha que eu sei lá, até de braços cruzadinhos feita anjinha papuda e num ângulo complicado para a Cláudia ser certeira e o ramo vem-me parar às mãos... É verdade. E quando o agarro, senti um calor humano e um grito estridente dos meus amigos a abraçarem-me em lágrimas, as máquinas disparavam, e foi uma alegria . Foi uma coisa doida. Ainda estou sem palavras...