Dois sentimentos me assaltam: revolta e frustração.
Revolta, porque a Briosa perdeu por culpa própria.
O hara-kiri táctico de Manuel Machado conduziu a equipa ao insucesso.
Apostar num sistema táctico no qual a equipa não está, minimamente, rotinada e que já no jogo para o campeonato não havia resultado, é incompreensível.
Errar é humano, não aprender com os erros é estupidez.
Machado foi de uma estupidez atroz.
No jogo do campeonato, cerca dos 20 minutos, abdicou dos três centrais e a equipa evidenciou um desempenho muito mais capaz.
O esquema táctico por si apresentado resultou na criação de desequilíbrios em todos os sectores da equipa.
Os jogadores navegaram pelo campo incapazes de descortinarem qual a sua posição no terreno e qual o seu papel específico no processo defensivo e ofensivo.
Permanentemente desposicionados e à procura de perceberam a estratégia da equipa.
Neste período, a Académica não existiu.
A equipa mostrava-se incapaz de trocar a bola, quanto mais de espreitar a baliza de Ricardo.
Jogar com três centrais, um médio defensivo e cinco unidades de vocação ofensiva em Alvalade só por incompetência.
Pior que os três centrais, já de si uma opção inábil face à falta de rotina e de velocidade de Litos e Danilo, foi ter despovoado o centro do terreno, zona na qual somente Brum aparecia.
Perante uma equipa cujo sistema táctico privilegia a densidade na zona central, actuar com um só meio defensivo é potenciar a principal força do adversário.
A inferioridade numérica no meio-campo permitiu que Moutinho, Nani e Djálo gozassem de uma liberdade, que lhes possibilitou construir e/ou surgir nos flancos sem que nenhum jogador da Briosa os pressionasse ou sequer importunasse.
Por outro lado, a ausência de um defesa esquerdo (Lino actuava na linha intermediária) obrigou Káká a bascular para a ala, abrindo espaços na zona central da defesa, nos quais surgiam completamente livres de qualquer marcação Liedson e Bueno (vejam-se os dois golos leoninos).
Revolta, também, porque quando Machado equilibrou a equipa, Jorge Sousa impediu que a Académica fosse mais longe.
Expulsou Vinha e matou a recuperação que a Académica havia iniciado na 2ª parte.
Expulsão injusta, pois que o lance deveria ter sido punido com um cartão amarelo.
Vinha não teve qualquer intenção maldosa na jogada, a qual apenas aconteceu fruto da antecipação de Moutinho. Vinha procurou jogar a bola, mas Moutinho chegou primeiro.
Frustração, porque, quando Machado colocou a equipa a jogar no sistema no qual está rotinada, a Briosa discutiu a partida.
Com a saída de Litos e a entrada de Vinha, a Académica ganhou equilíbrio no sector defensivo.
Com a entrada de Alexandre e a saída de Pittbul, ganhou equilíbrio no sector intermediário.
Os resultados foram imediatos.
Até então, a Académica tinha sido pouco mais do que inofensiva, sendo que a partir daí o seu processo ofensivo ganhou outra dimensão, a qual redundou na criação de três excelentes ocasiões de golo (Filipe Teixeira e Dame na mesma jogada e um potente remate de Brum ao poste).
O regresso à normalidade acrescentou 30 metros ao futebol da Briosa e outra acutilância atacante.
Frustração, porque a Académica, mesmo reduzida a 10 unidades, jogou no campo todo, assumiu o risco de jogar um para um na zona defensiva, teve mais posse de bola, conseguiu criar oportunidades de golo e logrou mesmo um tento.
Na 2ª parte, os jogadores da Briosa foram um exemplo de abnegação, raça e capacidade de sofrimento.
Frustração, porque com Alvarez e Gyano é difícil alcançar mais.
Alvarez dá-se à marcação, pouco ou nada se movimentando.
Gyano não é, definitivamente, jogador de futebol.
Uma nulidade - não sabe posicionar-se, não sabe correr, não sabe receber uma bola, não sabe rematar, não sabe cabecear, em suma, ou o seu empresário contratou um excelente técnico para a montagem e edição do seu vídeo de apresentação ou alguém recebeu bom dinheiro…
Frustração, porque o Sporting de ontem à noite estava claramente ao alcance da Académica.
Na 1ª parte, não soube capitalizar o equívoco táctico de Manuel Machado.
Dois golos é fraco pecúlio para tamanhas facilidades.
Na 2ª parte, não soube potenciar a superioridade numérica.
Com imenso espaço, com a Briosa em risco total apostando no um contra um na zona defensiva, apenas por uma vez criaram verdadeiro perigo para a baliza de Pedro Roma, num lance em que Paulo Sérgio cortou sobre a linha de golo um remate de Liedson.
O seu processo ofensivo viveu muito da inspiração de Moutinho e da capacidade de circulação de bola de Veloso.
Com a debácle física de Veloso e Moutinho na segunda parte, o momento ofensivo do Sporting perdeu qualidade e a equipa sentiu imensas dificuldades em construir.
Por outro lado, nunca conseguiu colocar um travão ao ímpeto revelado pela Académica na 2ª parte.
Mesmo com 10, a Académica teve mais posse de bola que o Sporting na 2ª parte.
Resumindo, direi que Manuel Machado fez o favor de perder o jogo.
01/03/2007
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4 comentários:
Meu querido, a malta já se habituou a perder... é uma merda lixada mas é assim. :o)
Concordo com quase tudo, mas deixa-me acrescentar:
1 - O onze deveria ter sido - Pedro Roma, Danilo, Kaká, Vitor Vinha, Paulo Sérgio, Lino, Alexandre, Roberto Brum, Filipe Teixeira, Dame e Cláudio Pitbull;
2 - O lance da expulsão do Vitor Vinha foi correcto, o jogador não teve intenção de jogar a bola, e mesmo que tivesse poderia ter evitado uma entrada dura que pôs em risco a integridade física do adversário;
3 - Os primeiros 15 minutos são de uma equipa desconcentrada e descontrolada, que não tinha a lição estudada.
PAnkreas e Vermelho à equipe técnica da Académica...JÁ!!!
De borla!
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